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Guilherme
Guilherme é Engenheiro Ambiental formado pela Escola de Engenharia de Piracicaba e Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo. Um dos ganhadores do Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia - Ano 2008, se dedica atualmente à pesquisa e desenvolvimento de Reatores Biológicos que convertem resíduos (potenciais fontes de poluição industrial e doméstica) em energia renovável sob a forma do gás hidrogênio, uma fonte energética que não gera gases do efeito estufa. http://www.facebook.com/guilherme.septimus
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quinta-feira, 3 de maio de 2012

Sobre as estrelas

O céu é naturalmente o espaço mais vasto para indagações e descobertas. Quando era menino, me fascinavam as estrelas, sobretudo a mágica de sua flutuabilidade.

Agora, já crescido, apesar de ter trocado a magia por fato, olho para o céu e consigo definir melhor aquele sentimento...  

Sem dúvida algo etéreo, como no ideal dos ultra-românticos; constante, como é justo que seja, e permanentemente misterioso - diante da sua surpreendente grandiosidade.

Apesar do que possa aparentar, não amo platonicamente nenhuma figura feminina inalcançável, embora Andrômeda seja uma “princesa” encantadora.


Constelaçao de Andrômeda - A princesa foi acorrentada para aplacar a ira de Cetus (monstro enviado por Poseidon), mas foi salva por Perseus montando seu cavalo alado (Pegasus).


Conforme indicado na representação da constelação, a Galáxia de Andromeda, também conhecida como M31 ou NGC 224, pode ser encontrada próxima do lado esquerdo da "princesa andromeda". Essa galáxia possui entre 180 e 220 mil anos luz de diâmetro. É a maior galáxia do Grupo Local de Galáxias, ao qual a Via Láctea pertence. Por estar no Grupo Local, a Galáxia de Andromeda pode ser vista por telescópios baseados na Terra.


Acerca da beleza da rainha Cassiopéia o mesmo pode ser dito, a despeito dela ter sido colocada de cabeça para baixo pelos deuses como forma de castigo por sua presunção - vide o espelho que ela sustentou para se auto-proclamar como a mais bela de todas.

Constelação de Cassiopéia - Diz o mito que a rainha Cassiopéia ousou comparar sua beleza com a das Nereidas (filhas do deus Poseidon), por isso Poseidon ameaçou inundar a Etiópia se sua filha Andromeda não fosse oferecida em sacrifício ao monstro Cetus.


Na constelação de Cassiopéia pode ser encontrada a "nebulosa de bolha", também conhecida como NGC 7635. Essa nebulosa tem o formato de bolha devido a uma nuvem molecular que envolve uma estrela jovem (SAO 20575) emanando um vento solar muito forte, o que causa a expansão da bolha. A forte influência do vento solar se deve à grande massa da estrela, que acredita-se ser de 10 a 40 massas solares.

O fato é que um tipo especial de amor nasce quando se aprende a enxergar beleza na simplicidade e engenhosidade da natureza. Afortunadamente, num dia de céu aberto, percebi que as estrelas reuniam o máximo destas duas qualidades.

A grande maioria trata-se de sóis “flutuando” em todas as direções do espaço que, com aparente simplicidade, convertem parte de sua matéria em luz visível e outros variados tipos de radiação do espectro eletromagnético. Um exemplo muito belo e visível a olho nu destes sóis em grupamento são as Plêiades ou Sete Irmãs.
 
Plêiades - Também conhecidas como M45, são um grupo de estrelas jovens (muito azuis por esse motivo) que localizam-se na constelação de Touro e são facilmente observáveis a olho nu. Em condições ótimas de observação, é possível visualizar 14 estrelas do aglomerado, que provavelmente tem em torno de 1000 estrelas. A distância aproximada deste cluster é de 440 anos luz da Terra.

Outros belos exemplos de grupamentos de estrelas são o Aglomerado de Borboleta e o Aglomerado Kappa Crucis, também conhecido como Caixa de Jóias.

Aglomerado de Borboleta - Localizado na constelação de Escorpião, esse aglomerado aberto possui aproximadamente 12 anos luz. A distância da Terra é estimada em 1600 anos luz. Também conhecido com M6, o aglomerado de borboleta apresenta em sua maioria estrelas azuis tipo B, embora seja uma estela laranja tipo K (BM Scorpii) a mais brilhante.

Aglomerado Caixa de Jóias - Situado a 6445 anos luz da Terra, esse aglomerado localiza-se na Contelação de Crux, também conhecida como Cruzeiro do Sul. A grosso modo, pode-se dizer que o aglomerado fica à esquerda do Curzeiro do Sul. O aglomerado em questão (NGC 4755) tem como principal estrela a Kappa Crucis, cuja magnitude aparente é de 5,98.

Entretanto algumas estrelas, apesar de solitárias, destacam-se muito mais no céu. É o caso de Sírius da constelação de Cão Maior. Essa estrela é a mais brilhante do firmamento. Em grande parte, o que contribui para isso é o fato dela ser uma das mais próximas da Terra (8,5 anos luz) e ter cerca de 2,4 vezes a massa do Sol.

Estrela Sirius - Localizada na constelação de Cão Maior, esse corpo celeste é binário, ou seja, composto de duas estrelas, orbitando uma a outra. O fato é que vemos sempre Sírius A, pois sua companheira Sírius B envelheceu e tornou-se uma anã branca com 10 mil vezes menos luminosidade (no espectro visível) que Sirius A. Na escala de magnitude aparente, em que valores negativos correspondem ao maior brilho, Sírius A é classificada como -1,46, o que a faz a estrela mais brilhante do céu. Na foto percebe-se o contraste que há entre Sírius A e as outras estrelas que compõem a constelação de Cão Maior.

Já Antares, a estrela mais brilhante da constelação de Escorpião, sustenta essa reputação por se tratar de uma gigante vermelha com 400 vezes o diâmetro do Sol, que irradia 10000 vezes mais luz visível que a estrela do nosso sistema, por isso mesmo estando a 600 anos luz de distância ela sempre é presença marcante no céu noturno. 

Estrela Antares - Nesta fotografia a constelação de Escorpião aparece alinhada das pinças até a cauda, da esquerda para a direita. Ao centro e na extrema esquerda vê-se três estrelas azuis equidistantes. As estrelas periféricas correspondem às pinças do escorpião, enquanto a estrela do meio representa a cabeça. As três "estrelas azuis" se ligam à "estrela amarela"(Antares) e formam o que seria a ligação das pinças e da cabeça ao "coração" do escorpião, que é Antares. Da esquerda para a direita, as demais estrelas azuis que seguem depois de Antares formam uma cauda que se dobra para baixo. 


Outra estrela, ou melhor, sistema de estrelas, que figura no "surpreendente" do firmamento é Albireo, a terceira estrela mais brilhante da Constelãção de Cisne. Esse sistema (β Cygni A e β Cygni B) é o par que realiza uma das mais longas valsas celestes com β Cygni B orbitando β Cygni A a cada 75000 anos.  

 Albireo - Neste sistema de estrelas, a mais facilmente visível é β Cygni A (a estrela amarelada de magnitude aparente 3,1), que acreditava-se ser única, enquanto a menos visível é β Cygni B (a estrela azul de magnitude aparente 5,1). Por questão de padrões diferentes de nomenclatura β Cygni deveria representar a segunda estrela mais brilhante da Constelação de Cisne, entretanto γ Cygni é, de fato, ligeiramente mais brilhante que Albireo e ocupa o segundo lugar em ordem de grandeza.


E, como se não bastasse a infinidade de elementos para serem contemplados, a admirável engenhosidade da natureza não permite que a morte de uma estrela implique num vazio existencial no universo. Ao contrário, quando uma estrela morre, grande parte de sua matéria ejetada servirá pára acender outra(s).

Um desses processos nos quais a eternidade da vida é propagada ad infinitum, provavelmente ocorrerá com a estrela Eta Carinae. Devido a sua instabilidade, já houve ejeção de matéria da estrela, criando o que ficou conhecido como a Nebulosa Homúnculo, em destaque no alto e ao centro da fotografia.   

Nebulosa Homúnculo - Localizada na Constelação de Carina (Quilha), também é conhecida como Nebulosa de Carina (NGC 3372) pois originou-se da enorme ejeção esférica de gases(400 vezes mais extensa que o Sistema Solar) da gigante Eta Carinae, com aproximadamente 150 vezes a massa do nosso Sol. Essa estrela, que recentemente descobriu-se tratar de um sistema binário, dista 7500 anos luz da Terra, chegou a brilhar mais que Sirius em 1830, e devido a sua instabilidade tem grande potencial para tornar-se uma supernova. 

Estrelas tão massivas quanto Eta Carinae não são tão raras e  tem o potencial para dar origem a eventos supernova ou até hipernova, que caracterizam-se pela destruição da estrela com o violento lançamento de até 90% de sua massa espaço a fora. 

Apesar de drásticos, eventos como esses possibilitaram o surgimento do nosso Sol e até mesmo da nossa Galáxia, pois nuvens moleculares precisam se aglutinar para formar estrelas e planetas por meio do fenômeno de acresção. E, para o acontecimento deste último, a matéria e as ondas de choque de uma estrela que explode contribuem para rotacionar essas nuvens e concentar a matéria em pontos determinados para a formação dos novos corpos celestes, daí a associação com o formato espiral de boa parte das galáxias.  

Supernova - Assim como nessa concepção artística, os eventos "supernova tipo Ib e Ic caracterizam-se por uma série de processos desencadeados na morte estelar de corpos celestes com massa superior a 10 vezes a do nosso Sol, que culminam numa violenta explosão com ejeção de até 90% de sua matéria a 30000 km/s, e principalmente emissão de pulsos de raios gama na velocidade da luz com o potencial de destruição de planetas que estejam a menos de 3000 anos-luz do evento.    

O mais fantástico dessa dinâmica da natureza é que numa estrela, a explosão da morte é também a explosão da vida, ou seja, morte e nascimento são faces de um mesmo evento, que pode muito bem ser traduzido na perfeita acepção da palavra "transformação". Coincidência ou não, no hinduísmo o deus Shiva (o Transformador), é aquele cuja dança regula o ritmo de criação e destruição do universo. 

Similaridades místicas a parte, o que atualmente é a Nebulosa de Órion, fracamente visível a olho nu sem poluição luminosa, já foi o reduto de estrelas massivas em colapso, que explodiram dissipando matéria num raio de 12 anos luz. Estimativas recentes dão conta de que neste berço primordial já nasceram ao menos 3000 novas estrelas.  

Nebulosa de Órion - Localizada na Constelação de Órion, mais precisamente ao sul do cinto do caçador (Três marias), é uma das nebulosas mais fotografadas e estudadas pela astronomia, uma vez que constitui um berço de formação de estrelas e até sistemas solares. Essa nebulosa (NGC 1976) dista aproximadamente 1270 anos luz da Terra e possui um diâmetro de 24 anos luz, espaço suficiente para abrigar as 3000 mil estrelas já formadas.

Por fim, como espectadores privilegiados desses intermináveis ciclos de criação e destruição, sempre poderemos contar com as estrelas como fonte segura de inspiração e companhia, uma vez que invariavelmente ocuparão suas devidas posições no céu, prontas a nos mostrar que os dias nublados existirão, mas que nunca serão capazes de apagá-las. 

Além de tudo, quando perdidos...
...com o mesmo propósito que serviram aos navegantes, as estrelas podem surgir na vida em forma de providência, casual ou divina, de um retorno seguro ao lar.  
Postado por Guilherme às 23:19
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Marcadores: estrelas; galáxias; nebulosas; aglomerados; constelações; andromeda; cassiopeia; pleiades; caixa de jóias; borboleta; sirius; antares; albireo; escorpião; cisne; eta carinae; orion;

2 comentários:

Jorge Pantoja disse...

Muito bom texto, grande Peixoto!

Abraço.

4 de maio de 2012 às 18:01
Unknown disse...

Caramba! Muito legal Guilherme!

6 de maio de 2012 às 22:16

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